A seca histórica na região norte do Brasil começa a afetar a vida de comunidades quilombolas e ribeirinhas no Pará. Moradores sofrem com a falta de água para beber, cozinhar e tomar banho e pedem ajuda emergencial às autoridades.
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Raimundo Vieira vive há 70 anos na comunidade quilombola Tapage, no oeste do Pará, e está diante de um cenário inédito: “é o primeiro ano que vejo seco, está seco, nós estamos sem condição de navegar, água nós não temos, água potável pra tomar”.
Em uma comunidade, no município de Óbidos, barcos estão encalhados. Os próprios moradores limpam os lagos para tentar navegar
Tanto Óbidos quanto Oriximiná estão em situação de emergência. Juntos, os municípios, já somam mais de 30 mil pessoas afetadas em quase 60 localidades. As gestões afirmam que estão auxiliando os moradores com o abastecimento de água, mas, nesta semana, comunidades quilombolas e ribeirinhas divulgaram uma carta aberta pedindo apoio urgente às autoridades.
O documento assinado por 16 associações quilombolas relata as dificuldades e afirma que a assistência ainda não chegou. No Amazonas, o Rio Negro atingiu a maior seca em 121 anos, e o Rio Solimões já está abaixo dos quatro metros, fato inédito. Todos os municípios banhados por ele decretaram situação de emergência. A região norte está sob efeito do fenômeno climático El Niño.
“O fato do El Niño estar muito intenso e trazendo uma modificação na circulação do ar é o que impacta diretamente nessa redução, agora a antrópica ela vai ter um efeito local. Então a tendência das mudanças climáticas é que os eventos extremos se tornem ainda mais intensos”, afirma Alex Santos, professor da Ufopa e doutor em meteorologia aplicada.