No dia dedicado à principal cultura genuinamente paraense, o açaí, foram apresentados, durante reunião do Grupo de Trabalho da Doença de Chagas, os números de casos levantados pela Coordenação Estadual da Doença de Chagas, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). De acordo com os dados, houve uma redução de quase 30% nos casos no Pará, um número maior do que o esperado. A meta era de 10%. O mês passado foi o que registrou, até agora, o menor índice de incidência da doença.
A reunião com os membros do GT foi realizada nesta quinta-feira (5), na sede da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e contou com a participação de representantes da Diretoria de Feiras e Mercados (DFM). O grupo é coordenado pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio do Núcleo do Consumidor (Nucon). É composto por instituições de diferentes esferas do Poder Público e associações que visam prevenir e combater o risco de contaminação.
A primeira reunião com os representantes das instituições foi realizada em fevereiro deste ano. Desde então, o grupo vem se encontrando mensalmente para avaliar e estipular as ações almejadas para a melhoria das práticas de manipulação do açaí.
Alcance– O coordenador estadual da Doença de Chagas no Pará, Éder Monteiro, enfatizou que a meta inicial era reduzir os casos em até 10%. Mas, com o avanço dos trabalhos, a redução registrada foi de mais de 26% no número da doença.
“A gente tem que ficar em vigilância contínua, fazendo as ações para que consiga ter êxito no final do ano e que possamos obter uma continuidade também nos próximos anos; a meta era 10% na redução de casos e a gente dobrou”, enfatizou.
Todo cuidado é pouco, no entanto, para que os resultados possam continuar melhorando, como orientou o coordenador. É importante que não apenas as instituições envolvidas na cadeia do açaí continuem atuando com a realização de ações de prevenção, mas que o consumidor também esteja atento e procure locais com boas práticas na manipulação do produto.
“A recomendação, primeiramente, é que o consumidor procure estabelecimentos que tenham a certificação de funcionamento da Vigilância Sanitária; estabelecimentos que passaram pelo treinamento de prevenção à Doença de Chagas, das boas práticas de açaí, evitar ter contato com o inseto barbeiro (transmissor da doença) e, caso identifique, informar a Vigilância Sanitária local para que se faça ações específica nessa localidade e evitar assim o contato com esse barbeiro”.
Cumprimento– A promotora de Justiça e coordenadora do Nucon/MPPA, Érica de Sousa, avalia como positivos os resultados obtidos com as ações que estão sendo postas em práticas recorrentes do trabalho do GT. Enfatizou que desde o início dos trabalhos o planejamento tirado nas reuniões mensais está sendo cumprido.
“Nós visitamos mais de sete municípios, que a princípio, tiveram uma diminuição de 53% do número de casos. Hoje, na safra, a gente está vendo que esses números praticamente se estagnaram em 20%, quase 30%. A gente vê também um avanço na própria vigilância de Belém, que a gente conseguiu estruturar com a Casa do Açaí; estaremos reunindo com os batedores do Ver-o-Peso semana que vem para também estruturá-los, dar condição de trabalho para que eles se adéqüem ao decreto. São todas discussões de anos que a gente não conseguia tirar do papel e hoje em dia os resultados estão aí”, avaliou a promotora.
É importante que o consumidor – o paraense em especial, que não vive sem o açaí – não deixe de consumir o tradicional produto, como enfatizou a promotora, por se tratar de um alimento que faz parte dos hábitos da população. Mas, é fundamental que fique atento ao local onde compra o produto.
“Tem que verificar se tem uma boa higienização, se estão fazendo o branqueamento, se tem a licença da Vigilância Sanitária, isso é muito importante cobrar para a melhoria da situação toda de Belém e da sua própria vida”, recomendou.
Agência Pará