Perda de visão e falta de equilíbrio, esses foram os primeiros sintomas que acenderam o sinal de alerta da advogada Jennifer Almeida, 31 anos, para a Esclerose Múltipla (EM), uma doença autoimune, crônica, desmielinizante que afeta o sistema nervoso central e provoca lesões cerebrais e medulares. Mas, conforme a advogada, diversos sintomas que surgiram anteriormente, foram diagnosticados e tratados como se fossem de outras doenças.
Assim como boa parte dos pacientes, Jennifer recebeu um diagnóstico errado, circunstância que impossibilita a implementação de medidas terapêuticas adequadas. “Hoje tenho conhecimento de que muitos sintomas preliminares foram diagnosticados de forma incorreta. Em 2019, o fato de ter perdido a visão me preocupou significativamente, então um oftalmologista suspeitou que a causa estaria relacionada à área neurológica e me encaminhou para o neurologista. Mas fui diagnosticada com neurite óptica, que é um dos sintomas iniciais da esclerose múltipla evidente”, contou a advogada que não desistiu e buscou investigar a fundo, apesar da médica não acreditar ser EM.
Somente quando descobriu o Centro de Referência no Tratamento de Esclerose Múltipla do Hospital Ophir Loyola (HOL), foi diagnosticada em 10 de agosto de 2020 e assistida. “A doença é progressiva e incapacitante, uma das maiores lutas dos pacientes é tentar não sofrer com nenhuma incapacidade que diminua a qualidade de vida ou que traga complicações mais severas. Inevitavelmente, com o passar do tempo temos limitações”, contou Jennifer.
A EM afeta 2,8 milhões de pessoas em todo o planeta, segundo o Ministério da Saúde (MS). A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) estima que cerca de 40 mil brasileiros convivem com a doença. Em Belém, cerca de 600 pacientes são acompanhados com doenças desmielinizantes, das quais 200 recebem atendimento para esclerose múltipla. A faixa etária mais acometida é entre 20 a 40 anos, mas também pode acometer crianças e idosos.
Conforme o neurologista Lucas Freitas, o Centro de Referência do HOL oferta atendimento tanto na fase aguda quanto na investigação. “O tratamento é realizado com drogas à base de corticoides na fase de surto e drogas de controle, fornecidas pelo Ministério da Saúde. Além das consultas e do acompanhamento neurológico, oferta consultas com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e serviços de diagnóstico com imagens e laboratório”.
O diagnóstico é feito baseado na história clínica do paciente, exame físico mais exames de imagem, normalmente a ressonância de todo o eixo do crânio e coluna, além de exames laboratoriais para diagnosticar as causas que podem ser semelhantes. Em alguns casos, é realizada a análise do liquor, que é o líquido que circula na coluna vertebral e pode ajudar os especialistas a fechar o diagnóstico ao confirmar um processo inflamatório no sistema nervoso.
Acesso – Os pacientes são encaminhados, via sistema de regulação, pela Unidade Básica de Saúde. Ao chegar ao hospital, passam pelo ambulatório de triagem, que verifica se o quadro clínico é compatível ou não, recebem assistência inicial e são encaminhados ao serviço de neuroimunologia. Aquele que chega com surto, passa por avaliação e, caso necessário, internação. Além de consultas médicas e acompanhamento multidisciplinar, os pacientes são reabilitados para poderem contribuir com a sociedade.
Informações: Agência Pará