Um dos maiores problemas da saúde pública mundial, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade afeta milhões de pessoas, por isso, é ponto de atenção do Governo do Estado, que desenvolve ações de prevenção e combate, a exemplo do Programa Obesidade Zero, da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), no Hospital Jean Bitar. De acordo com dados divulgados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde em 2023, no Pará, 37% dos adultos apresentam sobrepeso, com uma prevalência maior entre os homens (38,57%) em comparação com as mulheres (36,67%).
De outubro de 2020 a 2024, o programa Obesidade Zero realizou 1.750 cirurgias. O médico Carlos Armando Santos, coordenador da iniciativa, explica que a obesidade não é apenas um fator de risco, mas uma doença que pode desencadear outras doenças como diabetes, pressão alta, gordura no fígado, além de aumentar o risco cardiovascular, de Acidente Vascular Cerebral e do indivíduo desenvolver um câncer. O programa oferece avaliação clínica, exames, consultas, cirurgias e acompanhamento pré e pós-operatório.
“São números muito expressivos, mas não são apenas números, são vidas que conseguimos mudar, com saúde, inclusão social, autoestima, qualidade de vida, ânimo e disposição. A gente ouve das pessoas que a cirurgia representa o renascimento delas, mas sem romantizar a cirurgia bariátrica ou a obesidade, essa é uma luta constante, que exige esforço e dedicação para sempre, para que a gente consiga ter um bom controle da doença daqui a dez ou vinte anos para frente”, pontua Carlos Armando.
O cardiologista da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Rodrigo Souza, alerta sobre a relação da obesidade com o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. “Sabemos que, muitas vezes, a obesidade está relacionada também ao sedentarismo. Elas caminham juntas como causas de desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes, de arteriosclerose, de dislipidemia, alterações de colesterol e triglicerídeos. Então, essas doenças têm íntima relação com a obesidade. A obesidade deve ser evitada para que essas outras doenças não ocorram futuramente”, alerta.
O corretor de imóveis, José Lopes Vasconcelos Júnior, 50 anos, paciente bariátrico do programa “Obesidade Zero”, conta que ser internado por Covid, durante a pandemia, e entender o quanto a obesidade influenciou nas complicações de saúde nesse período traumático, impulsionou uma mudança de hábitos.
“Queria ter mais qualidade de vida e fui pesquisar informações sobre o programa. Tive acompanhamento com psicólogo, psiquiatra, endocrinologista e nutricionista, todo o passo a passo para poder me preparar para a cirurgia. Estava bem preparado e orientado e fui muito tranquilo para a cirurgia. No pós-operatório, continuei com os acompanhamentos. Com o tratamento, consegui zerar minha hipertensão e gordura no fígado, além de que não estou mais pré-diabético. Minha respiração melhorou muito e eu não precisei mais fazer uma cirurgia no joelho. Comecei a fazer academia e meu condicionamento físico melhorou, e também a autoestima. O Obesidade Zero para mim foi um incentivo excelente”, conta o corretor.
Prevenção – Iniciativas como o programa “Crescer Saudável”, que faz parte do “Saúde na Escola”, e a “Estratégia Proteja”, desenvolvidos pela Sespa, são exemplos de ações para promover a segurança alimentar e nutricional e a alimentação saudável, que ajudam a prevenir a obesidade e outras doenças relacionadas.
Conforme a nutricionista Thaís Granado Santos, responsável pela Coordenação Estadual de Nutrição da Sespa, a promoção da alimentação saudável e a prevenção da obesidade está entre as ações prioritárias do programa Saúde na Escola, no qual a Sespa ministra treinamentos, repassa orientações e normativas, e monitora as ações e atividades desenvolvidas pelos municípios nas escolas, com foco nesse aspecto.
“A Coordenação realiza ainda atendimentos e ações educativas nas ações do programa Terpaz. Nesses espaços, realizamos avaliação nutricional e orientação individualizada, possibilitando o encaminhamento da população para os serviços de atenção básica ou serviços especializados conforme cada demanda, além de ações educativas e orientações à comunidade, visando fortalecer a autonomia na escolha alimentar e assim contribuindo para a saúde da população”, reforça Thaís Santos.
Agência Pará